O que é Humanização?
Encontrar
um único conceito para definir esse termo não é tarefa fácil e não é objetivo
deste estudo. Por ser amplamente enfocado nas grandes áreas de Ciências
Humanas, Ciências Biológicas, Ciências Exatas e da Terra, Engenharias, Ciências
da Saúde, Ciências Agrárias, Ciências Sociais Aplicadas, Linguísticas, dentre
outras associadas(1);
a Humanização é enfatizado nas mais variadas abordagens e vertentes emergentes
que norteiam esse termo conforme a sua área de conhecimento.
Esse
conhecimento advém do desenvolvimento humano que consiste na ontogênese dos
processos evolutivos, isto é, descreve as fases ou trajetórias do ciclo de vida
do indivíduo, considerando-o como um ser biológico durante determinado tempo e
espaço, o que implica enfatizar as mudanças biológicas, temporais, culturais e
sociais(2).
Nesse
processo, o Ser Humano busca aprimorar todas as suas capacidades, interagindo
com o meio no qual se encontra. Para isso, dispõe de instrumentos, naturais ou
não, que servem como facilitadores para obtenção de resultados.
Partindo
dessa premissa, um dos instrumentos utilizados é a comunicação, considerada
como a relação processual entre um emissor e um receptor num ponto específico
de tempo(3),
no qual possibilita o intercâmbio de informações pertinentes, tornando-as
úteis, quer dizer, atribuindo-as um significado, que produz um conhecimento.
Esses advém de fatores biológicos e humanos, neste caso considerar a informação
como um subsídio para a criação de conhecimento(4).
Zang
Yuexiao, definiu que a informação pode gerar conhecimento. Para compreender
esse fenômeno, esse autor baseou-se em conceitos relacionados à atividade
humana, de forma mais filosófica(5),
representando-a em quinze tipos, bem como as suas interrelações, conforme a
fig. 01(5,6).
Resumidamente,
a Informação do tipo Filosófico pode conter um significado no qual possui
conteúdo (semântica) ou caracteriza-se pelo processo de uma comunicação
(não-semântica)(6).
A do tipo Biológica caracteriza-se por enfatizar a informação e seus processos
nos seres vivos, enquanto a Não-biológica enfatiza a informação e seus
processos em objetos inanimados. Entretanto, a Informação do tipo Biológico é
subdividida em Não humano e Humano, definida pela comunicação entre os seres
vivos, que é o foco de atenção do tema proposto.
O
tipo de Informação Humana diferencia-se por social, não-social, mental e
não-mental. Humana não-social é definido pelas informações e seus caráteres
antropológico, genético, fisiológico e neurológico. Humana social é
lingüística, cultura, economia, política. Humana mental é informação conceitual
e cognitiva. Humana não-mental considera a informação vinda do ambiente a
partir de sua interação com o homem e suas atividades físicas. O tipo Humano
Mental e o tipo Humano Social, quando interagem, produzem formas de
conhecimentos por meio de informações recebidas que modificam o conhecimento do
seu receptor (conhecimento) ou aquela cuja as informações são como expressões,
cumprimentos de mensagens do gênero, presentes nas relações diárias, mas que
não alteram o conhecimento do receptor (não-conhecimento). Podem ser do tipo
Científica (transmitida através de canais/meios científicos de comunicação) ou
Não científica.
Nesse
modo singular, as informações trabalhadas formam o conjunto do indíviduo e sua
cultura, como os objetos, os instrumentos, a ciência, os valores, os hábitos e
costumes, a lógica, as linguagens. Assim criamos a nossa humanidade, por meio
da própria atividade humana, pelo conjunto das características e das qualidades
expressas pelas habilidades, capacidades e aptidões que foram se formando ao
longo da história(6,7).
Qualquer
que seja o conceito filosófico, biológico ou humano analisado pode-se produzir
conhecimento (não) do próprio indivíduo, refletindo em todo o seu meio
(sociedade). Segundo Karl Marx(8),
o “homem vive da natureza”. Nesse contexto entende que a natureza é seu corpo,
com o qual tem de manter-se em constante permuta, objetivando amenizar o
sofrer, evitar adoecer e protelar o quanto for possível o morrer.
Mas
quando o adoecer é inevitável, o grupo de indivíduos é tomado por um mesmo
sentimento, a necessidade de ajudar, o restabelecer a saúde. Isso pode
significar humanização?
Entretanto,
iniciando pelo contexto semântico, o denotativo da Humanização significa “ato
ou efeito de humanizar” e humanizar significa(9):
1.
Tornar humano, tornar benévolo,
tornar afável, dar a condição de homem.
2.
Humanizar-se, Civilizar.
Então,
qual a “condição de homem” que se define? Aquele que se caracteriza pela
disposição bondosa de promover a felicidade e prosperidade dos outros ou por
generosidade e prazer em praticar boas ações? Pelo fato de ser um indivíduo em
evolução, querer sair do egocentrismo e pertencer a algum grupo social, faz
dele um ser Humano Humanizado?
Mas
o que é então?
Segundo
Betts (2003), “…sem comunicação não há Humanização”, baseia-se na capacidade da
troca de informação por comunicação (verbal ou não verbal) entre indivíduos.
Esse compromisso, teoricamente firmado, com a pessoa que está sofrendo, passa
por estágios de motivação individual ou de ambas as partes. Essa motivação pode
resultar do sentimento de compaixão piedosa por quem sofre ou da ideia de que
assim contribuímos para o bem comum e para o bem-estar em geral; pelo estímulo
nato da objetividade da investigação científica que exclui a subjetividade
(ex.: medicina baseada em evidências) e, por fim, a solidariedade genuína(10).
Baraúna
(2005) afirma que “a humanização é um processo de construção gradual, realizada
através do compartilhamento de conhecimentos e de sentimentos”(11).
Nesse contexto, humanizar é ter uma pré disposição para contribuir (o
sentimento e o conhecimento) com o outro de forma ética, individualmente e
independente, reconhecendo os limites, seus e o dele, compondo uma empatia
entre indivíduos, possibilitando troca de informações.Corroborando Baremblitt (2010) ao citar “À todos seja dado acesso ao que precisam segundo suas necessidades e a cada um as condições para desenvolver e exercitar suas capacidade”(12). Entende-se que cada indíviduo possui necessidades básicas de subsistência que devem ser supridas e diferenças que caracterizam uns e outros; essas diferenças se tornam peculiaridades que os individualiza, possibilitando canalizar as orientações para desenvolver as capacidades e colocá-las em práticas, especialmente no cuidado com a saúde.
Seja qual for, humanização pode ser compreendida como uma construção de conhecimentos e abordagens que emerge do indivíduo para indivíduos, conforme as necessidades individuais do outro.
Abordar a Humanização é analisar a própria evolução humana, enfatizar a ética e o relacionamento interpessoal; não se descartou o tema, apenas possibilitou mais espaços para avanços de outras áreas e/ou assuntos de interesses para o desenvolvimento técnico científico, protelando as questões de relacionamentos humanos(13). Possibilitar a intersecção entre a ética, o respeito, dignidade, individualismo entre indivíduos promove a humanização. Portanto, vale ressaltar que mesmo a sociedade valorizando o poder capitalista para sua sobrevivência, seja em qualquer campo dos negócios públicos ou privados, a questão sempre voltará para a qualidade da coletividade, tendo o ser humano como foco principal e riqueza de uma sociedade.
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